domingo, 29 de maio de 2011

Primavera Púrpura

Esta é minha primeira fotomanipulação. A imagem  é uma mistura de diversas fotografias trabalhadas no Photoshop. Por mgtcs
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quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Advinho


         Ainda criança, João, após uma discussão com um colega, disse, num momento de raiva, que, no dia seguinte, ele levaria uma surra do pai. O colega foi para casa aborrecido e, como ocorre com a maioria das crianças, acabaou por fazer uma travessura e seu pai, aborrecido, deu-lhe uma surra. O colega de João chegou na escola muito desconfiado e contou a outro menino que João havia adivinhado no dia anterior a surra que levou naquele dia. O menino, surpreso, procurou João e desafiou-o a dizer o que lhe aconteceria no dia seguinte e João, em tom de brincadeira, disse que sua avó sentiria muitas dores. Deduzira isso porque sabia que a avó do garoto era velhinha e sentia-se desconfortável, com dores ósseas. Sabia também, por experiência própria com a sua avó, que o tempo frio agravava este tipo de doença e, já que as núvens no céu anunciavam uma tempestade, era provável que o que previra ocorresse. Não foi diferente; no dia seguinte toda escola o havia batizado como o Adivinho.

         Anos se passaram. João continuou a fazer suas óbvias deduções e se tornou cada vez mais popular. Um certo dia, uma jovem recém-casada o procurou muito apreensiva e pediu que lhe dissesse se seu casamento seria feliz. Ele, percebendo que algo não ia bem, tendo em vista sua presença ali, e sua preocupação com um casamento tão recente, quando a maioria dos casais acreditam numa felicidade eterna mesmo que a união seja o desastre mais previsível, declarou solenemente que não daria certo seu casamento. A jóvem saiu chorosa e retornou uma semana depois para informá-lo da separação. Ela e João acabaram ficando amigos, apaixonaram-se e, finalmente, se casaram.

         O casamento foi feliz nos primeiros dois anos. A esposa respeitava João e temia suas previsões. Toda cidade vinha consultar-se com seu marido e isso era motivo de muito orgulho. Um certo dia, João adoeceu. Parecia um simples resfriado, porém, foi piorando e o levou a ficar acamado. A esposa desdobrava-se em cuidados e, muito apreensiva, pediu que previsse seu próprio estado de saúde. Mais uma vez, João deduziu que uma simples gripe que agravara-se tanto, que o levara a ficar acamado sentindo-se tão mal por tantos dias, provavelmente seria uma doença grave e que, portanto, ele não sobreviveria. Disse, então, à esposa, que ela ficaria viúva, que ele sofreria muito e, finalmente, partiria. Em poucos dias, a história do futuro falecimento do Adivinho se espalhou e todos apenas aguardavam a terrível desenlace.

      Uma certa manhã, João inexplicavelmente sentiu-se melhor. Foi gradativamente melhorando. A sua esposa, contudo, achando que ele já sofrera demais e ainda sofreria muito para morrer, movida por uma enorme piedade além da absoluta crença em sua previsões, deu-lhe uma dose fatal de veneno.

       O advinho faleceu numa bela manhã de sol e seu enterro foi o mais pomposo da cidade, era ele o santo homem que previra a própria morte.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Somos capazes de remover montanhas, basta acreditar! 

Rima


Há na rima graça e métrica
Compasso de Coerência
Criando certeza lúdica,
Num reino de inconsistência

No compasso da beleza,
Vê-se a rima conseqüente,
Ressaltando realeza
Em traços tão veementes.

Exaltando a liberdade,
A todas as gerações,
Traduz musicalidade
Num mundo de expiações

Há previsibilidade,
Em cada rima do verso
Gera probabilidade
No caótico universo.

Ancestrais


       Observo com melancolia as lápides amareladas do cemitério onde repousam os corpos de meus ancestrais... Foram eles bons ous maus (ou bons e maus), certamente estarão velando pelos seus descendentes (quem sabe). Os seus corpos jazem imóveis, corroídos. Os seus ossos um dia se dissolverão e nada restará deles exceto nossas lembranças. Essas não se apagarão e, mais que isso, propagar-se-ão para os nossos filhos e netos e bisnetos, porém, um dia, seus rostos e nomes serão completamente esquecidos. Eles serão apenas nossos ancestrais, não importa o que ou quem tenham sido. Se foram bons, serão citadas suas bondades, se foram maus, serão citadas suas maldades, mas sempre como um exemplo para o aprendizado de seus descendentes. Se para nada servir esta vida, se nosso ideal de Deus não passar de um mero engano, ainda assim valerá a pena saber que, apesar do que quer que tenhamos sido, haverá sempre alguém que, mesmo que nunca nos tenha visto ou conhecido, carregará nossa bagagem consigo por pura força da ancestralidade.

As Mentiras da Vida

Anda a verdade enredada;
nas mil teias da mentira;
na verdade há quase nada;
que se espere ou que se diga;

Não há nada que se espere;
da verdade ou da mentira;
É mentira que se negue;
Que há verdade que alguém diga.

Se é mentira e se acredita,
há verdade que alguém diga,
entretanto se há intriga,
não há verdade ou mentira.

Na verdade há verdade,
nas mil teias da mentira
haja tanta liberdade,
quantas contem nesta vida.

Monica Gomes Teixeira Campello de Souza